A Ilusão do Sufrágio Universal: Uma Crítica Anarquista por Mikhail Bakunin
No início do século XIX, Mikhail Bakunin, um dos pensadores mais radicais e provocadores do anarquismo, já alertava sobre as promessas não cumpridas da democracia representativa e do sufrágio universal. Em seu texto A Ilusão do Sufrágio Universal, Bakunin desmonta a ideia de que o voto e a participação em eleições são capazes de garantir a liberdade e a justiça social. Para ele, o sufrágio universal é uma ilusão que, longe de emancipar o povo, acaba por reforçar as estruturas de dominação e opressão.
A Relação dos Anarquistas com o Sufrágio Universal
Os anarquistas, em geral, veem o sufrágio universal com ceticismo e, muitas vezes, com rejeição. Para eles, o direito ao voto é uma ferramenta insuficiente para alcançar a verdadeira liberdade. Participar do sistema eleitoral significa legitimar o Estado e suas estruturas de poder, que são justamente o que os anarquistas buscam abolir. A democracia representativa, argumentam, falha em resolver as desigualdades fundamentais e a opressão inerente ao capitalismo e ao Estado.
Em vez de confiar em representantes eleitos, os anarquistas defendem formas diretas de organização e tomada de decisão, como assembleias populares, cooperativas e outras estruturas horizontais que permitem uma participação genuína e igualitária de todos os indivíduos. Para eles, a verdadeira democracia só pode existir na ausência de hierarquias e de poder centralizado.
A Crítica de Bakunin ao Sufrágio Universal
Bakunin começa seu texto destacando que muitos acreditavam que o sufrágio universal traria liberdade aos povos. No entanto, ele argumenta que essa crença era uma grande ilusão. Os radicais que um dia lutaram por mudanças e prometeram liberdade através do voto universal acabaram se tornando conservadores após alcançarem o poder. Essa transformação não ocorreu por traição, mas sim por uma mudança de posição e perspectiva.
Uma vez no poder, mesmo os mais radicais se veem obrigados a manter a ordem estabelecida, a dominar e a oprimir aqueles que governam. Isso acontece porque o poder político é, por natureza, hierárquico e excludente. Quem ocupa posições de poder, seja no legislativo ou no executivo, inevitavelmente se vê separado do povo, como um professor que olha para seus alunos de cima para baixo. Essa separação gera uma desigualdade intrínseca, mesmo em sistemas que se dizem democráticos.
A Burguesia e o Controle do Poder
Bakunin observa que, mesmo em países onde a constituição política é igualitária no papel, como na Suíça, a realidade é bem diferente. A burguesia — a classe dominante — controla o governo e as leis, enquanto o povo — operários e camponeses — obedece. A burguesia tem o tempo livre e a educação necessários para se ocupar do governo, enquanto o povo, oprimido pelo trabalho e pela falta de recursos, não tem condições de participar efetivamente do processo político.
Nas eleições, a burguesia se curva diante da "soberania popular", mas, uma vez terminado o pleito, o povo volta ao trabalho e a burguesia aos seus negócios lucrativos e intrigas políticas. O controle que os eleitores exercem sobre seus representantes é ilusório, pois, na prática, os representantes agem de acordo com os interesses da classe dominante, não do povo.
A Ficção da Liberdade no Sistema Representativo
Bakunin conclui que o controle popular no sistema representativo é uma ficção. A liberdade prometida pelo sufrágio universal não passa de uma mentira, pois o poder político, por sua própria natureza, nega a verdadeira liberdade. A igualdade política é uma ilusão, já que as desigualdades sociais e econômicas separam o Estado do povo. Enquanto houver dominação de classe, não haverá liberdade real.
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