Ecoanarquismo e o Fim do Mundo Como o Conhecemos: Uma Perspectiva Além do Colapso
"Se não formos nós a nos reconectar com a Terra, o capitalismo o fará com concreto."
Publicado em 18/05/2025
"Se não formos nós a nos reconectar com a Terra, o capitalismo o fará com concreto."
Publicado em 18/05/2025
A ideologia — nesse léxico específico — não é uma simples coleção de ideias ou um sistema neutro de crenças. Ela é um aparato, um dispositivo de dominação simbólica e material. Uma máquina engenhosa criada para garantir que o explorado não apenas aceite sua exploração, mas a defenda como se fosse parte da ordem natural das coisas. É, nesse sentido, o ferramental da burguesia para mascarar a realidade da luta de classes.
Publicado em 20/04/2025
“Certo. Então todo mundo odeia trabalho.” Com essa frase direta, a pensadora Neala Schleuning abre seu texto “A Abolição do Trabalho e Outros Mitos” com um diagnóstico brutalmente honesto. A aversão ao trabalho parece ser um traço quase universal. Sonhamos com um futuro livre de obrigações, um mundo em que máquinas realizem todo o esforço e possamos viver no ócio — o eterno sonho do gafanhoto libertado da disciplina da formiga.
Mas Schleuning nos convida a olhar para esse desejo com desconfiança. E se essa fantasia de “libertação pelo ócio” for, na verdade, uma armadilha? E se o verdadeiro caminho para a liberdade não estiver na abolição do trabalho, mas em sua transformação radical — na retomada de seu sentido humano, comunitário e criativo?
O que ela propõe é uma virada de perspectiva: não fugir do trabalho, mas recuperar o controle sobre ele. Este ensaio explora as ideias mais provocativas de Schleuning, articulando-as em torno de uma distinção crucial — a diferença entre a labuta e o bom trabalho. A partir dessa chave, compreenderemos por que o problema não é o esforço em si, mas o sistema que o esvazia de sentido.
Publicado em 28/01/2025
O sistema prisional não existe para "reabilitar" ou "proteger a sociedade" — ele é uma máquina de controle social e exploração econômica. O chamado Complexo Industrial Prisional (CIP) revela como o Estado e o capital se beneficiam do encarceramento em massa, transformando corpos marginalizados em mercadoria.
Publicado em 22/01/2025
Se há um conceito psicanalítico que ecoa como uma navalha na carne da experiência cotidiana, esse conceito é o gozo em Lacan. E não é à toa que ele é um dos mais discutidos e debatidos na psicanálise: ele revela algo profundamente incômodo sobre nós mesmos e sobre o mundo em que vivemos.
Publicado em 04/01/2025
O conceito de psicopolítica, desenvolvido por Byung-Chul Han – notadamente em sua obra homônima Psicopolítica: Neoliberalismo e Novas Técnicas de Poder – não é apenas uma atualização da biopolítica foucaultiana para a era neoliberal. É a descrição precisa do mecanismo de controle mais eficaz já concebido: aquele em que o indivíduo é simultaneamente carrasco e vítima, vigilante e prisioneiro. Para uma perspectiva anarquista, esta análise não é apenas pertinente; é um chamado à desobediência e à ação direta.
Publicado em 02/12/2024
A diagnose de Byung-Chul Han é precisa como um bisturi e, para nós, anarquistas, profundamente familiar em sua descrição do sintoma, ainda que radicalmente divergente em sua prescrição. Han identifica com clareza a mutação do poder disciplinar descrito por Foucault – a sociedade do “não”, da norma, da interdição e do confinamento – para a sociedade de rendimento do “sim”. Uma sociedade que já não precisa de um tirano externo, pois cada indivíduo se tornou o capataz de si mesmo.
Este é o triunfo final e mais perverso da biopolítica: a internalização completa do mecanismo de exploração. O projeto anarquista clássico, centrado na luta contra um opressor identificável – o Estado, o Capital, o Patrão – vê-se diante de um novo e mais insidioso inimigo: o sujeito de rendimento. A liberdade, gritada como mantra pelo neoliberalismo, revela-se aqui em sua nudez obscena: é a liberdade de se explorar até o colapso neuronal. A coerção não desapareceu; tornou-se idêntica à própria noção de liberdade. Este é o cerne da nova servidão voluntária.
Publicado em 11/10/2024
A consciência humana sempre foi um tema central na filosofia e na política. Mas o que determina nossa consciência? Ela surge espontaneamente dentro de nós ou é moldada pelo mundo em que vivemos? Para Marx, essa questão é essencial dentro da concepção materialista da história e, ao contrário do que muitos pensam, sua resposta rompe tanto com o determinismo mecânico quanto com o idealismo abstrato.
Publicado em 24/06/2024
A tradição filosófica dominante na Europa até o início da modernidade estava profundamente enraizada na ideia de um mundo além do sensível, um reino de essências imutáveis e substâncias eternas que seriam os verdadeiros objetos do conhecimento. Nessa visão, o movimento e a transformação no mundo fenomênico eram vistos como meras aparências ou como parte de um ciclo predeterminado que não afetava o ser das coisas, sempre idêntico a si mesmo. Essa perspectiva estática começou a ser desafiada com o advento de formas mais dinâmicas de entender a realidade, culminando na filosofia idealista de Hegel.
Publicado em 20/03/2024
A sociedade contemporânea está em declínio. Um declínio que pode ser descrito na passagem do "ser" para o "ter" e, depois, do "ter" para o "parecer". Esse é um dos conceitos centrais de A Sociedade do Espetáculo, livro escrito por Guy Debord na década de 1960, que continua sendo um dos melhores retratos da forma como a realidade social se organiza sob o capitalismo.
Mesmo sem citar diretamente o livro, é possível ver o espetáculo em funcionamento ao nosso redor, nos aspectos mais cotidianos da vida. Para entender isso, basta observar como nossa relação com o consumo não se baseia mais na satisfação de necessidades reais, mas sim na criação artificial de desejos.
Publicado em 15/12/2023