A sociedade contemporânea está em declínio. Um declínio que pode ser descrito na passagem do "ser" para o "ter" e, depois, do "ter" para o "parecer". Esse é um dos conceitos centrais de A Sociedade do Espetáculo, livro escrito por Guy Debord na década de 1960, que continua sendo um dos melhores retratos da forma como a realidade social se organiza sob o capitalismo.
Mesmo sem citar diretamente o livro, é possível ver o espetáculo em funcionamento ao nosso redor, nos aspectos mais cotidianos da vida. Para entender isso, basta observar como nossa relação com o consumo não se baseia mais na satisfação de necessidades reais, mas sim na criação artificial de desejos.
O materialismo histórico é a base teórica que sustenta a visão marxista da história. Desenvolvido por Karl Marx e Friedrich Engels nos anos 1840, ele oferece uma abordagem científica para entender o desenvolvimento das sociedades humanas, enfatizando que a história é feita pelos próprios seres humanos, mas não de forma arbitrária ou isolada. Em vez disso, os homens fazem a história a partir das condições materiais e sociais que herdaram, e essas condições moldam suas ações e possibilidades.
O Confederalismo Democrático é um modelo de governança que permite a autogestão das comunidades de forma descentralizada e sem a necessidade de um Estado centralizado. Inspirado pelos escritos de Murray Bookchin e formulado pelo líder curdo Abdullah Öcalan, esse sistema já foi implementado em regiões como Rojava, no norte da Síria, oferecendo um exemplo prático de como sociedades podem se organizar horizontalmente.
Se nossa vida é uma série de escolhas individuais, por que tantas dessas decisões seguem padrões previsíveis? Se a liberdade é a regra, por que nossos gostos, nossas profissões e até nossos corpos são tão fortemente influenciados pelo meio em que crescemos? Pierre Bourdieu, sociólogo francês, nos oferece uma chave para essa contradição: o conceito de habitus.
Quando Émile Durkheim mergulhou em suas pesquisas sobre o tecido social, ele se deparou com um fenômeno aterrador: o capitalismo não apenas explorava corpos e mentes, mas estava literalmente levando pessoas ao suicídio. O sistema econômico não apenas precarizava vidas materiais, mas criava uma armadilha psíquica da qual era quase impossível escapar.
Em sua obra mais importante, Suicídio (1897), Durkheim revelou uma descoberta chocante: conforme uma sociedade se industrializa e se rende ao consumismo, as taxas de suicídio disparam. Ele comparou diferentes nações e percebeu que a taxa de suicídio na Grã-Bretanha era o dobro da da Itália, enquanto a Dinamarca, ainda mais rica e desenvolvida, tinha uma taxa quatro vezes maior que a do Reino Unido. O capitalismo, em sua promessa vazia de progresso, estava corroendo a sanidade coletiva.
Durkheim não via o suicídio como um fenômeno isolado, mas como a manifestação extrema de um mal-estar muito mais profundo. O capitalismo não só falhava em oferecer sentido e comunidade, como também promovia uma cultura de individualismo radical, isolamento e competição desenfreada. Ele identificou cinco fatores centrais que contribuíam para esse estado de alienação:
No pensamento marxista, compreender a superestrutura é essencial para uma análise crítica da sociedade. O conceito, diretamente ligado à estrutura econômica, nos permite enxergar que nem todas as relações sociais são necessárias para a reprodução do sistema. Algumas são contingentes, podendo ser alteradas pela ação coletiva e pela luta política.
O liberalismo, especialmente em sua vertente mais radical conhecida como ~~anarcocapitalismo~~ (neo-feudalismo), defende que o mercado é o mecanismo mais eficiente para alocar recursos na sociedade. Segundo essa visão, o livre mercado, por meio da oferta e demanda, seria capaz de equilibrar a produção e o consumo, garantindo que os recursos sejam distribuídos de forma ótima. No entanto, essa ideia esbarra em uma contradição fundamental quando aplicada à força de trabalho, ou seja, ao trabalho humano vendido como mercadoria. Esse é o ponto central que destrói qualquer possibilidade de uma sociedade liberal se desenvolver de maneira minimamente saudável.
A obra Como as Democracias Morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, emergiu como um marco fundamental para entender os desafios contemporâneos enfrentados pelas democracias em todo o mundo. Em um contexto global marcado por crises políticas, polarização crescente e o ascenso de líderes autoritários, os autores oferecem uma análise profunda dos mecanismos pelos quais regimes democráticos podem ser subvertidos de dentro para fora. Este texto busca explorar os principais argumentos do livro, trazendo exemplos atuais que corroboram suas teses e destacando a relevância da obra para o debate político contemporâneo.
Errico Malatesta (1853–1932), um dos teóricos mais influentes do anarquismo, dedicou sua vida a pensar como uma revolução libertária poderia acontecer sem trair seus princípios. Em Escritos Revolucionários, combateu tanto o reformismo quanto as tentações autoritárias dentro da esquerda, defendendo uma revolução ética, organizada e radicalmente antiautoritária. Seus textos rebatem a crítica comum de que o anarquismo carece de direção estratégica.
Essa defesa da liberdade construída “de baixo pra cima” ecoa também nas palavras de Étienne de La Boétie, que, no Discurso sobre a Servidão Voluntária, pergunta por que as pessoas consentem em ser governadas por tiranos — e afirma que a verdadeira liberdade só pode surgir do rechaço ativo às estruturas de dominação.