O Fetiche do Capital: A Metafísica da Dominação
No emaranhado das relações capitalistas, o fetiche do capital emerge como uma força obscura, uma metafísica que domina não apenas as mercadorias e o dinheiro, mas também os próprios capitalistas. Esse fetiche não é apenas uma ilusão, mas uma realidade material que estrutura a vida social sob o capitalismo. Ele é o "primeiro motor imóvel" da economia, um deus secular que comanda os movimentos de acumulação e valorização, subordinando tudo e todos aos seus desígnios.
O capital, em sua essência, é valor que busca valorizar-se. Ele não se contenta em ser dinheiro ou mercadoria; ele é a substância que transita entre essas formas, sempre em busca de mais valor. O dinheiro, como modo de existência universal do valor, e a mercadoria, como modo de existência particular, são apenas momentos desse processo infinito de autovalorização. A mercadoria desaparece ao ser consumida, mas o dinheiro permanece, circulando de mão em mão, sempre expressando valor. No entanto, o verdadeiro sujeito desse processo não é o dinheiro, nem a mercadoria, nem mesmo o capitalista. O verdadeiro sujeito é o próprio capital, que se autovaloriza e se autoperpetua.
O capitalista, por mais que pareça o agente consciente desse processo, é na verdade um servo do capital. Ele não controla o capital; é o capital que controla suas ações. O capitalista deve seguir as etapas que o capital exige para acumular mais valor. Ele estuda os movimentos do capital, aplica seu dinheiro onde o retorno é maior, mas nunca escapa da lógica do valor que se valoriza. O capitalista é um "portador consciente" do capital, mas não seu senhor. O verdadeiro poder reside no capital, que se move como um sujeito automático, independente da vontade dos indivíduos.
Esse processo de autovalorização do capital é o que Marx chama de "fetiche do capital". É uma figura mais determinada e específica do que o fetiche da mercadoria ou o feitiço do dinheiro. Enquanto o fetiche da mercadoria obscurece as relações sociais de produção, e o feitiço do dinheiro faz parecer que o valor é uma propriedade intrínseca do dinheiro, o fetiche do capital vai além. Ele subordina tudo ao processo de acumulação infinita, transformando o capital em um sujeito autônomo que domina a sociedade.
O capital é como o "primeiro motor imóvel" de Aristóteles, uma causa suprema que não é causada por nada, mas que causa tudo. Ele é o absoluto da economia capitalista, uma potência que tudo domina e que tudo explica. O dinheiro e a mercadoria são apenas momentos desse processo, formas transitórias que o capital assume em sua busca infinita por mais valor. O capitalista, por sua vez, é apenas um agente desse processo, um personagem que executa os movimentos exigidos pelo capital.
Mas o que torna o capital tão poderoso? O que permite que ele se autovalorize e se perpetue? A resposta está na exploração do trabalho. O capital só pode se valorizar porque extrai mais valor do trabalho do que o necessário para reproduzir a força de trabalho. É na produção que o capital encontra a fonte de sua autovalorização. A circulação de mercadorias e dinheiro é apenas a superfície desse processo; a essência está na exploração do trabalho vivo.
No entanto, essa exploração é obscurecida pelo fetiche do capital. O capital aparece como uma força autônoma, independente das relações sociais de produção. Ele parece se valorizar por si mesmo, como se fosse um deus que tudo controla. Mas essa aparência metafísica esconde a realidade material da exploração. O capital não é um deus; é uma relação social de dominação e exploração.
A tarefa dos anarquistas e revolucionários é desmistificar esse fetiche, revelar a realidade material por trás da aparência metafísica. O capital não é uma força natural ou inevitável; é uma construção social que pode e deve ser abolida. A luta contra o capitalismo é a luta contra o fetiche do capital, contra a dominação de uma abstração sobre a vida concreta das pessoas. É a luta por uma sociedade onde o valor não seja mais o sujeito automático do processo, mas onde a vida humana seja o centro de todas as relações sociais.
O fetiche do capital é a metafísica da dominação, mas a metafísica pode ser desfeita. A realidade material da exploração pode ser transformada. A luta pela liberdade e pela igualdade é a luta contra o fetiche, contra o capital, contra o deus secular que tudo domina. É a luta por um mundo onde as pessoas não sejam mais servas do capital, mas senhoras de suas próprias vidas.
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