O Eu Contra Si Mesmo: A Luta Interna e a Sociedade do Controle
O Eu Contra Si Mesmo: A Luta Interna e a Sociedade do Controle
O eu está sempre em guerra consigo mesmo. Essa é a condição fundamental da existência humana: o conflito interno, a tensão entre desejo e repressão, entre impulso e ideal, entre aquilo que queremos e aquilo que nos é imposto. A ideia de um eu unificado, coerente, que caminha sempre ao lado de si mesmo, não passa de uma ficção conveniente, uma ilusão imposta pelo discurso dominante.
A história nos ensina que as narrativas mais potentes não se desenrolam no paraíso, mas no inferno. É na fratura, no pecado, na transgressão, na contradição entre diferentes partes de nós mesmos que surge o drama humano. O eu deseja, mas também teme. Ele se entrega, mas também recua. Ele se lança ao abismo da paixão, sabendo que pode ser devorado.
Freud já nos mostrou que o sujeito humano é dividido. Primeiro, entre consciente e inconsciente. Depois, entre id, ego e superego. O eu nunca é senhor de sua própria casa. Ele é um campo de batalha, pressionado por forças que o ultrapassam, dominado por desejos que não compreende, sufocado por normas e ideais que não escolheu.
Diante desse caos interno, o que fazemos? Fugimos. Negamos. Nos alienamos. Construímos muros e criamos desculpas. Negamos a existência do conflito, colocamos a culpa no outro, no sistema, na sociedade, no demônio, em Deus. O outro sempre é o culpado: a família, o chefe, o governo, a cultura. Qualquer coisa para evitar olhar para dentro.
A psicanálise nos alerta para essa grande farsa. Não basta apenas encontrar um culpado externo. É preciso enfrentar a pergunta fundamental: o que você tem a ver com isso? Como você se implicou nessa trama? O que você pode fazer de si mesmo, a partir do que fizeram de você?
A verdade é brutal: nós mesmos perpetuamos aquilo que nos fere. Repetimos padrões, revivemos traumas, nos entregamos a uma pulsão de morte disfarçada de prazer. Goza-se na dor. Goza-se no autoabandono. Goza-se na submissão. A sociedade do controle capitalista sabe disso e se aproveita: nos vendem sofrimento embrulhado em promessa de prazer. Nos fazem desejar aquilo que nos destrói. Transformam nossa angústia em mercadoria.
Se há uma saída, ela está no enfrentamento radical consigo mesmo. No reconhecimento do próprio desejo, na coragem de bancá-lo. Não se trata de matar o outro, nem de projetar nele as nossas falhas. Trata-se de compreender os limites do próprio gozo, encontrar formas mais interessantes de se relacionar com o mundo e, quem sabe, criar um espaço onde sejamos menos escravos das imposições externas.
Talvez o único paraíso possível seja aquele em que nos conheçamos melhor, em que possamos nos espalhar pelo mundo sem precisar destruí-lo. Um paraíso sem deuses, sem demônios, sem desculpas. Apenas nós, em toda nossa complexidade, aprendendo a caminhar com a nossa própria sombra.
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