A religião é um fenômeno quase universal na história humana, presente em praticamente todas as culturas e sociedades. No entanto, uma minoria significativa de pessoas — os ateus — não sente a necessidade de acreditar em um Deus tradicional ou em qualquer força sobrenatural que explique a origem do universo. Por que essa diferença? Seriam os ateus mais inteligentes, mais esclarecidos ou psicologicamente mais maduros? Ou há algo mais profundo, talvez biológico, que explica essa divergência? Morton Hunt, em seu texto As Raízes Biológicas da Religião, explora essas questões, oferecendo uma análise fascinante sobre as origens evolutivas da religião e as possíveis razões pelas quais os ateus são diferentes da maioria da humanidade.
A consciência humana sempre foi um tema central na filosofia e na política. Mas o que determina nossa consciência? Ela surge espontaneamente dentro de nós ou é moldada pelo mundo em que vivemos? Para Marx, essa questão é essencial dentro da concepção materialista da história e, ao contrário do que muitos pensam, sua resposta rompe tanto com o determinismo mecânico quanto com o idealismo abstrato.
O materialismo histórico é a base teórica que sustenta a visão marxista da história. Desenvolvido por Karl Marx e Friedrich Engels nos anos 1840, ele oferece uma abordagem científica para entender o desenvolvimento das sociedades humanas, enfatizando que a história é feita pelos próprios seres humanos, mas não de forma arbitrária ou isolada. Em vez disso, os homens fazem a história a partir das condições materiais e sociais que herdaram, e essas condições moldam suas ações e possibilidades.
A expressão "luta de classes" tornou-se um chavão tanto para marxistas quanto para aqueles que criticam o marxismo. Muitas vezes, ela é usada de maneira superficial, como se fosse uma chave mágica capaz de explicar todos os fenômenos da realidade. No entanto, para compreender de fato o que significa a luta de classes, é necessário entender primeiro o conceito de classes sociais.
O Confederalismo Democrático é um modelo de governança que permite a autogestão das comunidades de forma descentralizada e sem a necessidade de um Estado centralizado. Inspirado pelos escritos de Murray Bookchin e formulado pelo líder curdo Abdullah Öcalan, esse sistema já foi implementado em regiões como Rojava, no norte da Síria, oferecendo um exemplo prático de como sociedades podem se organizar horizontalmente.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, nasceu em 1856, filho de uma família judaica de classe média. Sua trajetória esteve longe de ser uma ascensão tranquila ao reconhecimento: passou anos abrindo enguias na tentativa frustrada de encontrar seus órgãos reprodutivos, promoveu a cocaína como remédio milagroso – apenas para descobrir que estava enaltecendo um vício destrutivo – e enfrentou perseguições e crises internas que moldaram sua própria angústia existencial.
Foi nesse contexto que ele desenvolveu a psicanálise, uma tentativa de compreender as engrenagens ocultas do desejo humano e os mecanismos de repressão impostos pela sociedade. Seu marco inicial, A Interpretação dos Sonhos (1900), inaugurou um campo de investigação que não só abalou a moral burguesa da época, mas também revelou as fissuras profundas que sustentam a ordem social.
Se nossa vida é uma série de escolhas individuais, por que tantas dessas decisões seguem padrões previsíveis? Se a liberdade é a regra, por que nossos gostos, nossas profissões e até nossos corpos são tão fortemente influenciados pelo meio em que crescemos? Pierre Bourdieu, sociólogo francês, nos oferece uma chave para essa contradição: o conceito de habitus.
David Hume, um dos grandes filósofos do empirismo, desmonta a ideia de que a moralidade é algo racional, transcendental ou divino. Para ele, a moral surge da experiência, dos sentidos, das emoções, das paixões. Nada de dogmas, nada de verdades universais esculpidas em pedra. A ética, em sua visão, não é um conjunto de regras lógicas frias, mas um campo subjetivo, moldado pela nossa própria natureza e pelo contexto em que vivemos.
O que é lugar de fala, afinal?
"Lugar de fala" não é um veto, tampouco uma mordaça. É uma ferramenta de análise crítica das relações de poder que estruturam quem fala, quem é ouvido, e quem é sistematicamente silenciado. Surgido de uma tradição teórica e política do feminismo negro e da epistemologia situada, o conceito convida à reflexão sobre a posição social de quem fala, e não à interdição do discurso alheio.
Djamila Ribeiro, em O que é lugar de fala?, explica que esse termo não significa que só quem vive determinada opressão pode falar, mas que a experiência vivida molda perspectivas e confere autoridade epistêmica. Isso se apoia em autoras como bell hooks, Patricia Hill Collins, Donna Haraway e Gayatri Spivak, todas elas críticas às estruturas que invisibilizam vozes subalternizadas, mas também profundamente comprometidas com o diálogo transformador.
A obra Como as Democracias Morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, emergiu como um marco fundamental para entender os desafios contemporâneos enfrentados pelas democracias em todo o mundo. Em um contexto global marcado por crises políticas, polarização crescente e o ascenso de líderes autoritários, os autores oferecem uma análise profunda dos mecanismos pelos quais regimes democráticos podem ser subvertidos de dentro para fora. Este texto busca explorar os principais argumentos do livro, trazendo exemplos atuais que corroboram suas teses e destacando a relevância da obra para o debate político contemporâneo.