Deus Está Morto, Mas Ele Não Sabe

"Deus está morto", mas e se ele ainda não soubesse disso? Slavoj Žižek nos provoca com essa ideia ao reinterpretar o conceito de Nietzsche sob a ótica da psicanálise lacaniana. Se a modernidade proclamou o fim da tutela divina e a libertação do homem, por que ainda permanecemos presos a novas formas de servidão?

A resposta de Lacan é inquietante: a morte de Deus não significa o fim da crença, mas sua migração para o inconsciente. O que nos governa não é mais um Deus visível, mas um Deus morto-vivo, um grande Outro simbólico que dita nossas ações sem que percebamos.

Publicado em 25/01/2019

Como as Democracias Morrem: Uma Análise Crítica de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt

A obra Como as Democracias Morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, emergiu como um marco fundamental para entender os desafios contemporâneos enfrentados pelas democracias em todo o mundo. Em um contexto global marcado por crises políticas, polarização crescente e o ascenso de líderes autoritários, os autores oferecem uma análise profunda dos mecanismos pelos quais regimes democráticos podem ser subvertidos de dentro para fora. Este texto busca explorar os principais argumentos do livro, trazendo exemplos atuais que corroboram suas teses e destacando a relevância da obra para o debate político contemporâneo.

Publicado em 31/12/2018

Noam Chomsky: Linguagem, Poder e Resistência

Noam Chomsky é um dos intelectuais mais influentes do século XX e XXI. Seus trabalhos vão muito além da linguística – campo em que revolucionou a teoria da linguagem –, tornando-se um crítico feroz do imperialismo, da mídia corporativa e das estruturas de poder que sustentam a opressão global.

Surgindo na cena acadêmica nos anos 1960, Chomsky não apenas desafiou a visão tradicional da linguagem, mas também confrontou o establishment político, denunciando as atrocidades da Guerra do Vietnã e o papel das grandes corporações na manipulação das massas. Sua obra se tornou um instrumento fundamental para quem busca entender como o poder se perpetua e como podemos combatê-lo.

Publicado em 30/08/2018

Errico Malatesta: Estratégia e Organização na Revolução Anarquista

Errico Malatesta (1853–1932), um dos teóricos mais influentes do anarquismo, dedicou sua vida a pensar como uma revolução libertária poderia acontecer sem trair seus princípios. Em Escritos Revolucionários, combateu tanto o reformismo quanto as tentações autoritárias dentro da esquerda, defendendo uma revolução ética, organizada e radicalmente antiautoritária. Seus textos rebatem a crítica comum de que o anarquismo carece de direção estratégica.

Essa defesa da liberdade construída “de baixo pra cima” ecoa também nas palavras de Étienne de La Boétie, que, no Discurso sobre a Servidão Voluntária, pergunta por que as pessoas consentem em ser governadas por tiranos — e afirma que a verdadeira liberdade só pode surgir do rechaço ativo às estruturas de dominação.

Publicado em 19/06/2018

A armadilha do identitarismo e o avanço do fascismo: uma reflexão necessária

Vivemos tempos confusos, em que a política parece cada vez mais um jogo de espelhos onde a direita distorce a realidade para criar inimigos imaginários e justificar seu avanço. No meio dessa guerra ideológica, muitas pessoas, mesmo aquelas que não compactuam com a extrema direita, acabam comprando a narrativa de que as pautas progressistas e identitárias estão "destruindo a sociedade". Mas de onde vem essa ideia?

Publicado em 08/04/2018

Meios e Fins: A Crítica Anarquista à Tomada do Poder Estatal

A crítica anarquista à tomada do poder estatal é frequentemente caricaturada como uma oposição moral abstrata ao Estado, ignorando as realidades concretas do mundo em que vivemos. No entanto, uma leitura atenta dos clássicos anarquistas revela que sua oposição à tomada do poder estatal era baseada em razões profundamente pragmáticas: o Estado é um meio impróprio para alcançar os objetivos revolucionários.

Publicado em 28/01/2018

Democracia, Capitalismo e a Tirania da Maioria: O Alerta de Tocqueville

Quando Alexis de Tocqueville publicou Democracia na América em 1835, sua intenção não era apenas louvar o modelo democrático dos Estados Unidos, mas também expor suas contradições e seus perigos. Diferente dos liberais otimistas, Tocqueville percebeu que a democracia burguesa não era apenas um sistema de igualdade política, mas também um terreno fértil para novas formas de opressão. Ele identificou cinco problemas centrais, que continuam ressoando no presente, especialmente na fusão entre democracia e capitalismo.

Publicado em 12/09/2017

Psicanálise e Liberdade: Cinco Lições de Freud Contra a Repressão

Sigmund Freud desafiou a medicina tradicional ao propor que as doenças mentais não eram apenas degenerações físicas ou delírios sem sentido, mas sim expressões reprimidas do inconsciente. Em Cinco Lições sobre a Psicanálise, Freud desmistifica a loucura, rejeitando a visão opressiva que isolava os "alienados" em prisões e hospícios.

O inconsciente, essa força invisível que molda nossos desejos e medos, desafia a ideia de que somos plenamente racionais. Freud mostra que as repressões sociais e morais empurram impulsos para as sombras da mente, onde se manifestam como sintomas neuróticos. E o que isso tem a ver com libertação? Tudo. Porque compreender a psicanálise é também compreender como as normas e as estruturas de poder condicionam nossos pensamentos e desejos.

Publicado em 01/05/2017