O Complexo Industrial Prisional

O sistema prisional não existe para "reabilitar" ou "proteger a sociedade" — ele é uma máquina de controle social e exploração econômica. O chamado Complexo Industrial Prisional (CIP) revela como o Estado e o capital se beneficiam do encarceramento em massa, transformando corpos marginalizados em mercadoria.

Publicado em 22/01/2025

O Fetiche do Capital: A Metafísica da Dominação

No emaranhado das relações capitalistas, o fetiche do capital emerge como uma força obscura, uma metafísica que domina não apenas as mercadorias e o dinheiro, mas também os próprios capitalistas. Esse fetiche não é apenas uma ilusão, mas uma realidade material que estrutura a vida social sob o capitalismo. Ele é o "primeiro motor imóvel" da economia, um deus secular que comanda os movimentos de acumulação e valorização, subordinando tudo e todos aos seus desígnios.

Publicado em 11/06/2023

Os Sinos do Capital e a Condição Pavloviana da Classe Trabalhadora: Uma Análise Crítica do Condicionamento no Contexto da Exploração

O legado de Ivan Pavlov (1849-1936), originalmente fincado nos estudos sobre os reflexos digestivos caninos, transcende os limites do laboratório para iluminar mecanismos sutis de controle comportamental na sociedade. Sua descoberta seminal do condicionamento clássico—o processo pelo qual um estímulo neutro, repetidamente associado a um estímulo incondicionado, passa a evocar uma resposta condicionada—oferece uma lente perspicaz para analisar a internalização de normas e ritmos no ambiente produtivo. Se nos experimentos pavlovianos os cães salivavam ao som de um sino prenunciando a alimentação, na esfera social contemporânea, observamos a internalização de comportamentos reflexivos que moldam a experiência da classe trabalhadora, muitas vezes à revelia da crítica consciente.

Publicado em 29/10/2021

Relações de Produção e a Contradição Capitalista

Dentro da tradição marxista, os conceitos de relações de produção e forças produtivas são essenciais para compreender a dinâmica histórica e material da sociedade. A confusão comum é tratar esses conceitos como elementos abstratos ou predeterminados, mas a perspectiva materialista da história, tal como formulada por Karl Marx, indica que eles devem ser analisados dentro de cada contexto social específico.

Publicado em 26/06/2019

Capitalismo e a Epidemia da Ansiedade: Uma Crítica Anarquista

O capitalismo não é apenas um sistema econômico. É uma máquina de moer corpos e forjar subjetividades doentes. Exaustão e ansiedade não são desvios – são efeitos colaterais estruturais de uma lógica que exige rendimento infinito, produtividade sem limites e autoexploração disfarçada de liberdade.

Vivemos sob um regime onde o poder não mais proíbe – exige. Não mais castiga – motiva. A frase “Yes, we can!”, que antes carregava promessas de emancipação, virou um imperativo cruel: se você não consegue, a culpa é sua.

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, em Sociedade do Cansaço, nos mostra que deixamos para trás a sociedade da disciplina – do “não pode!” – e entramos na era da positividade, onde nasce o sujeito de desempenho: alguém que não é mais dominado por outro, mas por si mesmo. Somos ao mesmo tempo o chefe e o capataz, o explorador e o explorado. E quando colapsamos, quando não damos conta, ainda nos culpamos por isso. A isso, Han chama de violência neuronal – uma forma de violência que não vem de fora, mas brota de dentro de nós mesmos.

Publicado em 14/11/2015

Trabalho não é mercadoria: desmontando as ilusões do capitalismo

O capitalismo nos faz acreditar que vendemos nosso trabalho, mas isso é uma ilusão. O que realmente está em jogo é a venda da nossa força de trabalho, a capacidade de produzir, que temporariamente passa a pertencer ao patrão. Essa distinção é essencial para entender a exploração capitalista e a forma como somos condicionados a aceitar as regras do jogo.

Publicado em 20/03/2014

1º de Maio: A Ironia de um Feriado Cooptado, Nascido do Sangue Anarquista

O 1º de Maio, hoje reduzido a um feriado domesticado por governos e sindicatos institucionais, carrega em suas raízes um levante anarquista e insurrecional. A data, celebrada globalmente como "Dia do Trabalho", não nasceu de decretos ou acordos políticos, mas das ruas de Chicago, onde trabalhadores armados de faixas e sonhos libertários desafiaram o capital em 1886. A história oficial apaga, mas nós lembramos: o 1º de Maio é filho da bomba de Haymarket, da traição do Estado e do sangue dos mártires que ousaram lutar por "8 horas para viver, 8 horas para dormir, 8 horas para o que quisermos".

Publicado em 21/11/2013

A Força de Trabalho: A Mercadoria Mais Singular do Capitalismo

No coração do sistema capitalista, há uma mercadoria que não se parece com nenhuma outra: a força de trabalho. À primeira vista, pode parecer um conceito simples, mas, como Marx demonstrou, ele é um dos mais complexos e revolucionários de sua crítica à economia política. A força de trabalho não é apenas uma mercadoria; é a chave para entender como o capitalismo funciona, como o valor é produzido e como a exploração se sustenta.

Publicado em 09/09/2013