Relações de Produção e a Contradição Capitalista

Dentro da tradição marxista, os conceitos de relações de produção e forças produtivas são essenciais para compreender a dinâmica histórica e material da sociedade. A confusão comum é tratar esses conceitos como elementos abstratos ou predeterminados, mas a perspectiva materialista da história, tal como formulada por Karl Marx, indica que eles devem ser analisados dentro de cada contexto social específico.

Publicado em 26/06/2019

A Gaiola de Aço Protestante

Max Weber, em sua análise seminal sobre a genealogia da subjetividade capitalista, desloca a explicação materialista tradicional ao demonstrar como uma mudança na superestrutura ético-religiosa – a ética protestante, particularmente a calvinista – foi decisiva para moldar o ethos do capitalismo moderno. Esse ethos é caracterizado pela compulsão pelo trabalho metódico, a acumulação racional de capital e a ascese intramundana, configurando o que Weber descreve como um processo de racionalização social: o trabalho livre organizado em torno da especialização técnica, sustentado por um arcabouço legal previsível e legitimado por uma mentalidade que transforma a reinversão de lucros em imperativo moral.

Publicado em 13/02/2019

Como as Democracias Morrem: Uma Análise Crítica de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt

A obra Como as Democracias Morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, emergiu como um marco fundamental para entender os desafios contemporâneos enfrentados pelas democracias em todo o mundo. Em um contexto global marcado por crises políticas, polarização crescente e o ascenso de líderes autoritários, os autores oferecem uma análise profunda dos mecanismos pelos quais regimes democráticos podem ser subvertidos de dentro para fora. Este texto busca explorar os principais argumentos do livro, trazendo exemplos atuais que corroboram suas teses e destacando a relevância da obra para o debate político contemporâneo.

Publicado em 31/12/2018

Meios e Fins: A Crítica Anarquista à Tomada do Poder Estatal

A crítica anarquista à tomada do poder estatal é frequentemente caricaturada como uma oposição moral abstrata ao Estado, ignorando as realidades concretas do mundo em que vivemos. No entanto, uma leitura atenta dos clássicos anarquistas revela que sua oposição à tomada do poder estatal era baseada em razões profundamente pragmáticas: o Estado é um meio impróprio para alcançar os objetivos revolucionários.

Publicado em 28/01/2018

A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado: Uma Leitura Anarquista

Friedrich Engels escreveu A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado baseado nas notas de Karl Marx sobre os estudos antropológicos de Lewis H. Morgan. O livro traça a evolução histórica das estruturas familiares, o surgimento da propriedade privada e a consolidação do Estado como aparato de dominação de classe. Para os anarquistas, essa obra é fundamental — não por acaso, pensadores como Piotr Kropotkin e Mikhail Bakunin já haviam chegado a conclusões semelhantes sobre a natureza coercitiva do Estado e da propriedade.

Publicado em 03/01/2017

Certo e Errado: A Ética Como Campo de Batalha

A questão do que é certo e errado não é apenas um debate filosófico abstrato – ela define como vivemos e lutamos no mundo. A ética não é uma torre de marfim onde intelectuais debatem termos vazios, mas um campo de batalha onde diferentes valores entram em conflito, moldando decisões sobre guerra, desigualdade, exploração e resistência.

Publicado em 20/06/2016

O Medo do Afeto e a Ilusão do Controle: A Racionalidade Como Instrumento de Dominação

Vivemos sob o domínio de um sistema que nos ensina a temer nossos próprios afetos. O capitalismo, em sua ânsia por controle e eficiência, nos quer disciplinados, produtivos, racionais. Nos quer engrenagens de uma máquina, não seres humanos vibrantes, emocionados, afetados uns pelos outros. E isso não é de hoje. Há séculos, a lógica ocidental tem tentado submeter as paixões à razão, criando uma dicotomia entre pensamento e sentimento, mente e corpo, masculinidade e feminilidade.

Publicado em 22/02/2016

A Procrastinação e o Super-Ego Capitalista: Como o Sistema Nos Paralisa

Nos vendem a ilusão de que podemos ser tudo. "Se esforce e conquiste!" dizem. Mas, quando nos deparamos com a realidade, percebemos que não seremos um novo Steve Jobs, uma estrela do rock ou um líder revolucionário aclamado por multidões. Então, o que fazemos? Paramos. Travamos. Procrastinamos.

A cultura do capitalismo tardio enfiou na nossa cabeça que, se não somos os melhores, então não valemos nada. Mas essa é uma lógica cruel, construída para nos manter frustrados e alienados, sempre buscando uma perfeição inatingível e nos sentindo incapazes. O capitalismo cria ícones inalcançáveis – gênios, milionários, artistas prodígios – e nos força a comparar nossas vidas ordinárias com esses mitos. E, quando falhamos nessa comparação, nos paralisamos.

Publicado em 13/07/2015