O Medo do Afeto e a Ilusão do Controle: A Racionalidade Como Instrumento de Dominação

Vivemos sob o domínio de um sistema que nos ensina a temer nossos próprios afetos. O capitalismo, em sua ânsia por controle e eficiência, nos quer disciplinados, produtivos, racionais. Nos quer engrenagens de uma máquina, não seres humanos vibrantes, emocionados, afetados uns pelos outros. E isso não é de hoje. Há séculos, a lógica ocidental tem tentado submeter as paixões à razão, criando uma dicotomia entre pensamento e sentimento, mente e corpo, masculinidade e feminilidade.

Publicado em 22/02/2016

A Procrastinação e o Super-Ego Capitalista: Como o Sistema Nos Paralisa

Nos vendem a ilusão de que podemos ser tudo. "Se esforce e conquiste!" dizem. Mas, quando nos deparamos com a realidade, percebemos que não seremos um novo Steve Jobs, uma estrela do rock ou um líder revolucionário aclamado por multidões. Então, o que fazemos? Paramos. Travamos. Procrastinamos.

A cultura do capitalismo tardio enfiou na nossa cabeça que, se não somos os melhores, então não valemos nada. Mas essa é uma lógica cruel, construída para nos manter frustrados e alienados, sempre buscando uma perfeição inatingível e nos sentindo incapazes. O capitalismo cria ícones inalcançáveis – gênios, milionários, artistas prodígios – e nos força a comparar nossas vidas ordinárias com esses mitos. E, quando falhamos nessa comparação, nos paralisamos.

Publicado em 13/07/2015

A Solidão Masculina e a Mentira da Virilidade

Vivemos em uma sociedade que nos ensina, desde cedo, que ser homem significa ser forte, inabalável, impenetrável. A masculinidade é vendida como um pacote fechado, onde não há espaço para fraqueza, para vulnerabilidade, para algo que se aproxime daquilo que nos torna humanos. E o resultado disso? Homens solitários, incapazes de construir laços verdadeiros, aprisionados em suas próprias muralhas emocionais.

Sim, existem exceções. Existem companheiros que desafiam essa norma, que sabem o que é intimidade, que constroem relações de camaradagem e afeto. Mas sejamos realistas: a amizade entre homens, da forma como deveria ser – genuína, profunda, baseada na partilha de dores e sonhos –, é um fenômeno raro. Para cada homem que pode dizer que tem um verdadeiro amigo, há pelo menos oito que, no fundo, sabem que não têm.

Isso não é um fracasso individual. Não é sobre um ou outro ser menos capaz de se conectar. É um sintoma de algo maior, um reflexo direto de um conflito estrutural: o que a sociedade exige que um homem seja está em contradição com o que é necessário para cultivar uma amizade autêntica.

Publicado em 14/09/2014

Contrato Social: Pacto ou Prisão?

Desde Hobbes até Rousseau, passando por Locke e Rawls, a teoria do Contrato Social tem sido utilizada para justificar a existência do Estado e das estruturas de poder. Mas será que esse "contrato" realmente foi assinado por todos? Ou ele serve apenas para legitimar a submissão e a exploração?

A ideia central do Contrato Social é que os indivíduos, ao abrirem mão de parte de sua liberdade, ganham em troca segurança e ordem. Mas o que acontece quando esse contrato não é justo, quando beneficia apenas uma elite e impõe obediência forçada à maioria?

Publicado em 15/10/2013

O Eu Contra Si Mesmo: A Luta Interna e a Sociedade do Controle

O eu está sempre em guerra consigo mesmo. Essa é a condição fundamental da existência humana: o conflito interno, a tensão entre desejo e repressão, entre impulso e ideal, entre aquilo que queremos e aquilo que nos é imposto. A ideia de um eu unificado, coerente, que caminha sempre ao lado de si mesmo, não passa de uma ficção conveniente, uma ilusão imposta pelo discurso dominante.

Publicado em 03/07/2013

A Hegemonia Cultural: Como o Capitalismo Nos Convence a Nos Explorar

Quem decide o que aprendemos na escola? Quem definiu que nos Estados Unidos só existem dois partidos "opostos", mas que no fundo servem aos mesmos interesses? Quem resolveu que Cristóvão Colombo, um colonizador genocida, deveria ser celebrado? E quando se tornou um sacrilégio ajoelhar-se durante o hino nacional para protestar contra a violência estatal?

Essas perguntas não são triviais. Suas respostas revelam os valores que foram impostos pela classe dominante, que nos doutrina desde a infância a aceitar o sistema como "natural" e "inevitável". Esse fenômeno tem nome: hegemonia cultural.

Publicado em 02/05/2013

René Girard e a Violência como Fundamento da Cultura: Uma Crítica Anarquista

René Girard (1923-2015) foi um pensador francês cuja teoria atravessa diversas disciplinas, indo da mitologia à crítica literária, da antropologia à psicologia. Sua grande questão é uma que ecoa por toda a história da humanidade: como e por que a cultura emergiu? Para Girard, a resposta está na violência, no desejo mimético e no sacrifício. O que, à primeira vista, parece um estudo abstrato sobre mitos e religião, na verdade, toca em questões centrais sobre poder, dominação e a forma como sociedades se estruturam e se perpetuam – temas que, do ponto de vista anarquista, precisam ser desmontados e desmistificados.


Publicado em 07/03/2013

O que é Capitalismo? Uma Visão Crítica

A pergunta "O que é capitalismo?" está no cerne de muitos debates contemporâneos. E não é para menos: vivemos em uma sociedade capitalista. Mas o que isso realmente significa?

Publicado em 19/01/2013

Igreja e Estado: Os Alicerces da Opressão Segundo Bakunin

Mikhail Bakunin, um dos mais influentes teóricos do anarquismo, não economizou palavras ao denunciar a aliança entre Igreja e Estado como os principais pilares da dominação sobre a humanidade. Para ele, ambas as instituições não passam de abstrações criadas para mascarar o verdadeiro objetivo: manter o controle sobre a sociedade, perpetuar a desigualdade e impedir qualquer possibilidade de emancipação real.

Em tempos em que o poder do Estado se fortalece sob justificativas democráticas e a Igreja se reinventa para continuar influenciando a moral social, a crítica de Bakunin permanece mais atual do que nunca.

Publicado em 22/12/2012

A Ilusão do Eu: Identidade, Espelho e o Grande Outro

Quem somos nós? A identidade que carregamos é real ou apenas uma construção imposta pelo mundo? O psicanalista Jacques Lacan, influenciado por Freud, trouxe em 1936 uma teoria que desafia a ideia de um "eu" unificado e autêntico. Para ele, a identidade que acreditamos ter é uma ilusão—um reflexo que esconde nossa verdadeira subjetividade.

Publicado em 08/12/2012