O Existencialismo é um Humanismo: Um Chamado à Liberdade Radical

Jean-Paul Sartre, um dos filósofos mais influentes do século XX, defendeu que o ser humano é condenado a ser livre. Essa afirmação sintetiza a essência do existencialismo, corrente filosófica que rejeita essências pré-determinadas e sustenta que cada indivíduo cria seu próprio caminho.

Em sua conferência de 1945, posteriormente publicada como O Existencialismo é um Humanismo, Sartre responde às críticas que acusavam sua filosofia de anti-humanista e niilista. Ele argumenta que, ao contrário, o existencialismo é uma afirmação radical da responsabilidade humana. Se Deus não existe, então não há uma natureza ou destino que determine o que somos – nossa existência precede nossa essência. Não há modelos externos, nem absolutos morais impostos por algo além de nós mesmos. O que nos define são nossas escolhas e ações.

Publicado em 12/09/2023

Cultura, Poder e Capital: A Visão de Pierre Bourdieu

Vivemos em um mundo onde a cultura não é simplesmente uma escolha individual, mas um campo de disputa que nos molda e nos define. Pierre Bourdieu, sociólogo francês, desmascarou a ilusão de que nossos gostos e preferências são apenas fruto de uma subjetividade livre. Na verdade, são influenciados por nossa posição social, nossa educação e pelos círculos em que transitamos. Em outras palavras, não escolhemos a cultura — ela nos escolhe.

Bourdieu identificou que nossa visão de mundo e nossas preferências são formadas desde cedo, absorvidas inconscientemente. Esse processo ocorre através do que ele chamou de habitus, um conjunto de disposições que carregamos e que guiam nossa maneira de agir e interpretar o mundo. Nosso gosto musical, nossa forma de falar, os livros que lemos ou deixamos de ler — tudo isso não é apenas pessoal, mas socialmente determinado.

Publicado em 09/12/2022

O Habitus e a Ilusão da Escolha: Como Somos Moldados Pelo Sistema

Se nossa vida é uma série de escolhas individuais, por que tantas dessas decisões seguem padrões previsíveis? Se a liberdade é a regra, por que nossos gostos, nossas profissões e até nossos corpos são tão fortemente influenciados pelo meio em que crescemos? Pierre Bourdieu, sociólogo francês, nos oferece uma chave para essa contradição: o conceito de habitus.

Publicado em 03/04/2021

A Indústria Cultural: Entretenimento ou Controle Social?

Nos anos 1940, os filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer lançaram uma crítica feroz à produção cultural sob o capitalismo. Em Dialética do Esclarecimento, eles denunciaram como a arte e a cultura haviam sido transformadas em mercadorias dentro do sistema industrial. O nome dado a esse fenômeno foi Indústria Cultural – um conceito essencial para entender como o capitalismo não apenas explora o trabalho, mas também molda as consciências.

O capitalismo não se contenta em dominar os meios de produção; ele também busca controlar os meios de pensamento. E para isso, a cultura de massa desempenha um papel fundamental.

Publicado em 09/01/2021

Noam Chomsky: Linguagem, Poder e Resistência

Noam Chomsky é um dos intelectuais mais influentes do século XX e XXI. Seus trabalhos vão muito além da linguística – campo em que revolucionou a teoria da linguagem –, tornando-se um crítico feroz do imperialismo, da mídia corporativa e das estruturas de poder que sustentam a opressão global.

Surgindo na cena acadêmica nos anos 1960, Chomsky não apenas desafiou a visão tradicional da linguagem, mas também confrontou o establishment político, denunciando as atrocidades da Guerra do Vietnã e o papel das grandes corporações na manipulação das massas. Sua obra se tornou um instrumento fundamental para quem busca entender como o poder se perpetua e como podemos combatê-lo.

Publicado em 30/08/2018

Democracia, Capitalismo e a Tirania da Maioria: O Alerta de Tocqueville

Quando Alexis de Tocqueville publicou Democracia na América em 1835, sua intenção não era apenas louvar o modelo democrático dos Estados Unidos, mas também expor suas contradições e seus perigos. Diferente dos liberais otimistas, Tocqueville percebeu que a democracia burguesa não era apenas um sistema de igualdade política, mas também um terreno fértil para novas formas de opressão. Ele identificou cinco problemas centrais, que continuam ressoando no presente, especialmente na fusão entre democracia e capitalismo.

Publicado em 12/09/2017

Corrupção não é o problema

A discussão sobre os problemas estruturais da sociedade costuma esbarrar sempre na mesma resposta clichê: "o problema é a corrupção". Esse argumento, repetido à exaustão por liberais, conservadores e até mesmo por setores da esquerda autoritária, nos leva à ilusão de que tudo poderia ser resolvido apenas se "as pessoas certas" chegassem ao poder. Esse raciocínio tem um nome: "a teoria do grande homem", a crença de que basta um líder virtuoso para guiar a sociedade para um futuro melhor. Mas a realidade nos mostra outra coisa.

Liberais argumentam que precisamos apenas de normas sociais mais progressistas e de políticos que representem essas pautas. Conservadores dizem que a decadência moral e o afastamento de valores tradicionais são o verdadeiro problema. A esquerda autoritária afirma que um partido de vanguarda ideologicamente puro é necessário para guiar o proletariado sem desvios revisionistas. Apesar das diferenças de abordagem, todos esses grupos partem da mesma premissa: o sistema é funcional, só precisamos das "pessoas certas" para ocupá-lo.

Publicado em 23/12/2016

Fronteiras: A Violência dos Estados e a Luta por um Mundo Sem Muros

Quantas pessoas, neste exato momento, estão deslocadas? Quantas buscam refúgio em outro país, emprego em outra terra, fugindo da violência, da miséria, do colapso climático ou de guerras causadas pelos interesses dos mais ricos? Quantas foram obrigadas a partir porque suas casas, suas terras e seus meios de subsistência foram saqueados por corporações e governos imperialistas?

O número é esmagador: mais de 1 bilhão de migrantes no mundo. Desses, 80 milhões são deslocados à força, incluindo 45,7 milhões que permanecem dentro de seus próprios países, mas sem acesso a um lar seguro. Aproximadamente 45% dos deslocados são menores de 18 anos. Se a população mundial gira em torno de 7 bilhões, isso significa que 1 em cada 7 pessoas no planeta é um migrante.

Para se ter uma noção do impacto, há mais migrantes na Terra do que a população combinada dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Japão. No entanto, a resposta dos países mais ricos a essa crise tem sido construir muros e endurecer suas fronteiras, enquanto continuam explorando os países dos quais essas pessoas fogem.

Publicado em 20/08/2016

Certo e Errado: A Ética Como Campo de Batalha

A questão do que é certo e errado não é apenas um debate filosófico abstrato – ela define como vivemos e lutamos no mundo. A ética não é uma torre de marfim onde intelectuais debatem termos vazios, mas um campo de batalha onde diferentes valores entram em conflito, moldando decisões sobre guerra, desigualdade, exploração e resistência.

Publicado em 20/06/2016

A Propaganda pelo Ato: Quando Ações Falam Mais que Palavras

O capitalismo nos ensinou a acreditar que mudança só vem por vias "civilizadas": voto, protesto pacífico, petição online. Mas e quando o sistema é tão podre que palavras não bastam? É aí que entra a Propaganda pelo Ato – a ideia de que ações diretas, muitas vezes radicais, podem incendiar a consciência coletiva e abrir caminho para a revolução.

Publicado em 21/04/2016