O debate parece inofensivo:
"Dói mais ser traído por alguém do mesmo sexo ou do sexo oposto?"
Mas por trás dessa pergunta aparentemente banal, esconde-se uma estrutura carcomida: a lógica da propriedade privada aplicada aos corpos femininos.
Quando um homem diz que seria "pior" se sua companheira o traísse com outro homem, ele não está falando de amor, nem de dor afetiva genuína. Está falando de perda de controle sobre um corpo que acreditava possuir. É sobre posse ferida, não sobre coração partido.
Publicado em 13/04/2025
Albert Bandura é uma figura incontornável na psicologia moderna. Suas teorias sobre a aprendizagem social, a autoeficácia e o modelamento do comportamento moldaram parte significativa da educação, da psicoterapia e até das estratégias de propaganda corporativa.
Bandura, ao contrário dos behavioristas clássicos, reconheceu a importância da cognição na aprendizagem. Não somos apenas produtos de reforços externos; observamos, imitamos, internalizamos. Há liberdade? Há agência? Talvez. Mas, numa sociedade capitalista e hierárquica, essas mesmas capacidades se tornam armas contra nós mesmos. Bandura forneceu, ainda que sem intenção explícita, o manual para uma forma mais sofisticada de controle social.
Publicado em 28/04/2021
Revisitar teorias estabelecidas é um exercício essencial para quem busca uma perspectiva libertária e transformadora. A influente hierarquia das necessidades de Abraham Maslow, embora muitas vezes capturada em uma representação piramidal simplista, oferece uma oportunidade crítica para refletirmos sobre o que bloqueia a realização plena do ser humano: o próprio capitalismo.
Publicado em 29/04/2019
Errico Malatesta (1853–1932), um dos teóricos mais influentes do anarquismo, dedicou sua vida a pensar como uma revolução libertária poderia acontecer sem trair seus princípios. Em Escritos Revolucionários, combateu tanto o reformismo quanto as tentações autoritárias dentro da esquerda, defendendo uma revolução ética, organizada e radicalmente antiautoritária. Seus textos rebatem a crítica comum de que o anarquismo carece de direção estratégica.
Essa defesa da liberdade construída “de baixo pra cima” ecoa também nas palavras de Étienne de La Boétie, que, no Discurso sobre a Servidão Voluntária, pergunta por que as pessoas consentem em ser governadas por tiranos — e afirma que a verdadeira liberdade só pode surgir do rechaço ativo às estruturas de dominação.
Publicado em 19/06/2018
Sigmund Freud desafiou a medicina tradicional ao propor que as doenças mentais não eram apenas degenerações físicas ou delírios sem sentido, mas sim expressões reprimidas do inconsciente. Em Cinco Lições sobre a Psicanálise, Freud desmistifica a loucura, rejeitando a visão opressiva que isolava os "alienados" em prisões e hospícios.
O inconsciente, essa força invisível que molda nossos desejos e medos, desafia a ideia de que somos plenamente racionais. Freud mostra que as repressões sociais e morais empurram impulsos para as sombras da mente, onde se manifestam como sintomas neuróticos. E o que isso tem a ver com libertação? Tudo. Porque compreender a psicanálise é também compreender como as normas e as estruturas de poder condicionam nossos pensamentos e desejos.
Publicado em 01/05/2017
Se a Propaganda pelo Ato mostra que o sistema teme quem não pede permissão, a Ação Direta Não Violenta (ADNV) revela algo ainda mais perigoso aos olhos do poder: quem resiste sem se dobrar e sem agredir, mas também sem recuar.
Publicado em 03/04/2013