A Paralisia da Ação: Como o Capitalismo Coloniza o Corpo, a Emoção e a Vontade
Há algo de profundamente doente em nossa relação com o tempo, com o desejo e com a própria ação. Vivemos numa era em que quase todos sabem o que fazer; mas poucos conseguem, de fato, fazer. Não se trata de mera preguiça, como adoram repetir os gurus da produtividade e os gestores da moral neoliberal. O que chamamos de “procrastinação”, “falta de foco” ou “indisciplina” é, na verdade, um sintoma político e psicológico de um mundo que sequestrou nossa energia vital, transformando-a em engrenagem para o lucro.
O capitalismo não apenas explora o nosso trabalho; ele captura também a nossa capacidade de agir. Nos treina para desejar, mas não para mover. Para planejar, mas não para transformar. Para pensar em liberdade, mas agir em conformidade. A paralisia da ação é, portanto, o espelho íntimo de uma sociedade paralisada por dentro. Uma sociedade em que a vida foi reduzida a desempenho, e o corpo, a máquina de produtividade.
Publicado em 28/06/2016