Certo e Errado: A Ética Como Campo de Batalha

A questão do que é certo e errado não é apenas um debate filosófico abstrato – ela define como vivemos e lutamos no mundo. A ética não é uma torre de marfim onde intelectuais debatem termos vazios, mas um campo de batalha onde diferentes valores entram em conflito, moldando decisões sobre guerra, desigualdade, exploração e resistência.

Publicado em 20/06/2016

O Medo do Afeto e a Ilusão do Controle: A Racionalidade Como Instrumento de Dominação

Vivemos sob o domínio de um sistema que nos ensina a temer nossos próprios afetos. O capitalismo, em sua ânsia por controle e eficiência, nos quer disciplinados, produtivos, racionais. Nos quer engrenagens de uma máquina, não seres humanos vibrantes, emocionados, afetados uns pelos outros. E isso não é de hoje. Há séculos, a lógica ocidental tem tentado submeter as paixões à razão, criando uma dicotomia entre pensamento e sentimento, mente e corpo, masculinidade e feminilidade.

Publicado em 22/02/2016

A Navalha de Occam: Um Corte Contra a Complexidade Desnecessária

No pensamento libertário e anarquista, desfazer-se de dogmas e estruturas opressivas é essencial. Guilherme de Occam, filósofo e teólogo do século XIV, trouxe uma ferramenta filosófica que se mantém atual: a Navalha de Occam, princípio que afirma que as entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade. Em outras palavras, entre duas explicações igualmente eficazes, a mais simples deve ser preferida.

Publicado em 26/12/2015

Capitalismo e a Epidemia da Ansiedade: Uma Crítica Anarquista

O capitalismo não é apenas um sistema econômico. É uma máquina de moer corpos e forjar subjetividades doentes. Exaustão e ansiedade não são desvios – são efeitos colaterais estruturais de uma lógica que exige rendimento infinito, produtividade sem limites e autoexploração disfarçada de liberdade.

Vivemos sob um regime onde o poder não mais proíbe – exige. Não mais castiga – motiva. A frase “Yes, we can!”, que antes carregava promessas de emancipação, virou um imperativo cruel: se você não consegue, a culpa é sua.

O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, em Sociedade do Cansaço, nos mostra que deixamos para trás a sociedade da disciplina – do “não pode!” – e entramos na era da positividade, onde nasce o sujeito de desempenho: alguém que não é mais dominado por outro, mas por si mesmo. Somos ao mesmo tempo o chefe e o capataz, o explorador e o explorado. E quando colapsamos, quando não damos conta, ainda nos culpamos por isso. A isso, Han chama de violência neuronal – uma forma de violência que não vem de fora, mas brota de dentro de nós mesmos.

Publicado em 14/11/2015

A Ilusão do Sufrágio Universal: Uma Crítica Anarquista por Mikhail Bakunin

No início do século XIX, Mikhail Bakunin, um dos pensadores mais radicais e provocadores do anarquismo, já alertava sobre as promessas não cumpridas da democracia representativa e do sufrágio universal. Em seu texto A Ilusão do Sufrágio Universal, Bakunin desmonta a ideia de que o voto e a participação em eleições são capazes de garantir a liberdade e a justiça social. Para ele, o sufrágio universal é uma ilusão que, longe de emancipar o povo, acaba por reforçar as estruturas de dominação e opressão.

Publicado em 30/10/2015

A Procrastinação e o Super-Ego Capitalista: Como o Sistema Nos Paralisa

Nos vendem a ilusão de que podemos ser tudo. "Se esforce e conquiste!" dizem. Mas, quando nos deparamos com a realidade, percebemos que não seremos um novo Steve Jobs, uma estrela do rock ou um líder revolucionário aclamado por multidões. Então, o que fazemos? Paramos. Travamos. Procrastinamos.

A cultura do capitalismo tardio enfiou na nossa cabeça que, se não somos os melhores, então não valemos nada. Mas essa é uma lógica cruel, construída para nos manter frustrados e alienados, sempre buscando uma perfeição inatingível e nos sentindo incapazes. O capitalismo cria ícones inalcançáveis – gênios, milionários, artistas prodígios – e nos força a comparar nossas vidas ordinárias com esses mitos. E, quando falhamos nessa comparação, nos paralisamos.

Publicado em 13/07/2015

O Mito do Amor Materno e a Prisão como Reflexo do Controle Social

O amor materno, essa ideia romantizada e vendida como um instinto natural, é na verdade um construto social que reflete a necessidade do capitalismo de manter corpos produtivos e reprodutivos em ordem. Desde cedo, a mulher é condicionada a acreditar que seu papel primordial é gestar, nutrir e proteger. Mas o que acontece quando essa narrativa não se sustenta?

Publicado em 29/03/2015

A Crítica do Século XX e os Novos Commons

A falência absoluta dos projetos de esquerda do século XX — do comunismo estatal ao keynesianismo, passando pela democracia local comunitária — não foi um acidente histórico. Ela se explica pela contradição estrutural entre hierarquia e emancipação. O comunismo degenerou em capitalismo de Estado; o welfare state dependia da força fiscal de nações que foram desmanteladas pelo mercado global; e a democracia local, embora bem-intencionada, revelou-se impotente diante da escala planetária do capital.

Publicado em 12/01/2015

Como Funciona a Democracia no Local de Trabalho no Anarquismo

A ideia de que um local de trabalho precisa de um chefe para funcionar é um mito profundamente enraizado na sociedade capitalista. Mas será que realmente precisamos de uma estrutura hierárquica para que as coisas sejam feitas? A resposta do anarquismo é um enfático "não". Em vez disso, propomos um modelo de democracia no local de trabalho, onde as decisões são tomadas coletivamente pelos próprios trabalhadores. Vamos entender como isso funciona na prática.

Publicado em 31/10/2014