No emaranhado das relações capitalistas, o fetiche do capital emerge como uma força obscura, uma metafísica que domina não apenas as mercadorias e o dinheiro, mas também os próprios capitalistas. Esse fetiche não é apenas uma ilusão, mas uma realidade material que estrutura a vida social sob o capitalismo. Ele é o "primeiro motor imóvel" da economia, um deus secular que comanda os movimentos de acumulação e valorização, subordinando tudo e todos aos seus desígnios.
O anarquismo é frequentemente mal interpretado, distorcido ou reduzido a estereótipos. Para esclarecer algumas das dúvidas mais comuns, reunimos aqui respostas diretas, baseadas na história e nos princípios do movimento anarquista.
O Confederalismo Democrático é um modelo de governança que permite a autogestão das comunidades de forma descentralizada e sem a necessidade de um Estado centralizado. Inspirado pelos escritos de Murray Bookchin e formulado pelo líder curdo Abdullah Öcalan, esse sistema já foi implementado em regiões como Rojava, no norte da Síria, oferecendo um exemplo prático de como sociedades podem se organizar horizontalmente.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, nasceu em 1856, filho de uma família judaica de classe média. Sua trajetória esteve longe de ser uma ascensão tranquila ao reconhecimento: passou anos abrindo enguias na tentativa frustrada de encontrar seus órgãos reprodutivos, promoveu a cocaína como remédio milagroso – apenas para descobrir que estava enaltecendo um vício destrutivo – e enfrentou perseguições e crises internas que moldaram sua própria angústia existencial.
Foi nesse contexto que ele desenvolveu a psicanálise, uma tentativa de compreender as engrenagens ocultas do desejo humano e os mecanismos de repressão impostos pela sociedade. Seu marco inicial, A Interpretação dos Sonhos (1900), inaugurou um campo de investigação que não só abalou a moral burguesa da época, mas também revelou as fissuras profundas que sustentam a ordem social.
David Hume, um dos grandes filósofos do empirismo, desmonta a ideia de que a moralidade é algo racional, transcendental ou divino. Para ele, a moral surge da experiência, dos sentidos, das emoções, das paixões. Nada de dogmas, nada de verdades universais esculpidas em pedra. A ética, em sua visão, não é um conjunto de regras lógicas frias, mas um campo subjetivo, moldado pela nossa própria natureza e pelo contexto em que vivemos.
Quando Émile Durkheim mergulhou em suas pesquisas sobre o tecido social, ele se deparou com um fenômeno aterrador: o capitalismo não apenas explorava corpos e mentes, mas estava literalmente levando pessoas ao suicídio. O sistema econômico não apenas precarizava vidas materiais, mas criava uma armadilha psíquica da qual era quase impossível escapar.
Em sua obra mais importante, Suicídio (1897), Durkheim revelou uma descoberta chocante: conforme uma sociedade se industrializa e se rende ao consumismo, as taxas de suicídio disparam. Ele comparou diferentes nações e percebeu que a taxa de suicídio na Grã-Bretanha era o dobro da da Itália, enquanto a Dinamarca, ainda mais rica e desenvolvida, tinha uma taxa quatro vezes maior que a do Reino Unido. O capitalismo, em sua promessa vazia de progresso, estava corroendo a sanidade coletiva.
Durkheim não via o suicídio como um fenômeno isolado, mas como a manifestação extrema de um mal-estar muito mais profundo. O capitalismo não só falhava em oferecer sentido e comunidade, como também promovia uma cultura de individualismo radical, isolamento e competição desenfreada. Ele identificou cinco fatores centrais que contribuíam para esse estado de alienação:
Noam Chomsky é um dos intelectuais mais influentes do século XX e XXI. Seus trabalhos vão muito além da linguística – campo em que revolucionou a teoria da linguagem –, tornando-se um crítico feroz do imperialismo, da mídia corporativa e das estruturas de poder que sustentam a opressão global.
Surgindo na cena acadêmica nos anos 1960, Chomsky não apenas desafiou a visão tradicional da linguagem, mas também confrontou o establishment político, denunciando as atrocidades da Guerra do Vietnã e o papel das grandes corporações na manipulação das massas. Sua obra se tornou um instrumento fundamental para quem busca entender como o poder se perpetua e como podemos combatê-lo.
Errico Malatesta (1853–1932), um dos teóricos mais influentes do anarquismo, dedicou sua vida a pensar como uma revolução libertária poderia acontecer sem trair seus princípios. Em Escritos Revolucionários, combateu tanto o reformismo quanto as tentações autoritárias dentro da esquerda, defendendo uma revolução ética, organizada e radicalmente antiautoritária. Seus textos rebatem a crítica comum de que o anarquismo carece de direção estratégica.
Essa defesa da liberdade construída “de baixo pra cima” ecoa também nas palavras de Étienne de La Boétie, que, no Discurso sobre a Servidão Voluntária, pergunta por que as pessoas consentem em ser governadas por tiranos — e afirma que a verdadeira liberdade só pode surgir do rechaço ativo às estruturas de dominação.
Vivemos tempos confusos, em que a política parece cada vez mais um jogo de espelhos onde a direita distorce a realidade para criar inimigos imaginários e justificar seu avanço. No meio dessa guerra ideológica, muitas pessoas, mesmo aquelas que não compactuam com a extrema direita, acabam comprando a narrativa de que as pautas progressistas e identitárias estão "destruindo a sociedade". Mas de onde vem essa ideia?